7 razões para privatizar os Correios
Começamos essa semana com mais uma notícia de greve dos Correios. É a terceira dos últimos 12 meses. Como houve baixa adesão (segundo a empresa, apenas 14% do quadro aderiu a paralisação), e uma grande pressão da população em geral, o sindicato já anunciou o fim da greve, que durou apenas dois dias.
Quem trabalha com os Correios sabe da dificuldade que são as tratativas do dia a dia. Falta de retorno, mercadorias extraviadas, dificuldade para conseguir ser indenizado em caso de qualquer problema com a entrega, são apenas alguns dos perrengues enfrentados.
As pessoas já não são muito fãs do serviço prestado por eles, a paralisação, só faz aumentar o número de insatisfeitos. E acaba ajudando os defensores da privatização.
A situação é parecida com a última greve dos bancários, que por ficarem tantos dias parados, acabou fazendo com que a população em geral aprendesse a utilizar o serviço de internet banking e os aplicativos para celular. O que diminuiu o fluxo das agências bancárias após a greve e consequentemente reduziu a necessidade de agências e funcionários nelas. Gerando demissões para redução dos quadros.
Quando falo sobre privatização, acredito que junto deve estar também a quebra dos monopólios dos serviços prestados. Dessa forma outras empresas poderão ofertar também e concorrer livremente, o que geraria redução dos preços.
Listamos abaixo 7 razões que mostram a necessidade urgente de privatização da ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos:
1) 5 anos seguidos de prejuízos
2017 completou o quinto ano seguido que a empresa fechou com prejuízo. Para termos uma ideia da grandeza dos números:
- 2 bilhões em 2017
- 2 bilhões em 2016
- 2 bilhões em 2015
- 20 milhões em 2014
- 313 milhões em 2013
Somando os números acima, temos quase 7 bilhões de reais que foram retirados do tesouro para cobrir os rombos da empresa. No caso esse dinheiro, foi cobrado através de impostos, e deixou de ser investido em saúde, segurança ou educação, para cobrir o rombo de uma empresa deficitária.
2) Diretoria escolhida por critérios políticos
Toda a diretoria dos Correios atualmente é escolhida por critérios políticos. E fazem parte do rol de cargos que são distribuídos pelo presidente em troca de votos e apoio em votações importantes.
Não há nenhum critério técnico para escolha, os partidos indicam e o presidente aprova.
Isso da margem para loteamento da empresa e que pessoas mal-intencionadas se infiltrem e se envolvam em casos de corrupção. Licitações fraudulentas ocorreram aos montes, e muito dinheiro foi direcionado a políticos envolvidos, dando início a investigação que descobriu o mensalão. Quem não se lembra da filmagem da troca de dinheiro vivo em gabinetes da empresa.
3) Falta treinamento para os funcionários de carreira
Devido a contratação de funcionários (diferentemente do tópico 2, aqueles que realmente vão trabalhar na empresa) apenas através de concursos temos muita gente boa e extremamente inteligente nos quadros.
Uma grande empresa deveria investir mais em treinamento e capacitação de seus funcionários. Principalmente aqueles que tratam as questões com os clientes.
Enquanto fui cliente dos Correios, tivemos 3 responsáveis pela conta, nenhum deles entendia sobre transportes. O que dificultava muito as negociações.
Chegando ao cúmulo de quando cobramos sobre a péssima performance de uma determinada região, recebemos como retorno que o problema só seria sanado se aumentássemos o volume e contratássemos um serviço dedicado que custaria muito mais caro.
Qual pessoa, em sã consciência, aumentaria o volume com um fornecedor que não está atendendo as necessidades?
4) Excesso de burocracia interna
Um ponto que posso colocar como não sendo culpa dos assessores comerciais que prestavam serviços para nós era sobre a burocracia interna da empresa. A atuação dos assessores acabava sendo limitada e demorada devido aos diversos processos que precisavam ser feitos para se conseguir alguma coisa.
Burocracia só emperra os processos e em uma empresa é fatal para seus negócios.
5) O monopólio postal gera benefícios para o setor de encomendas
Sob a égide do monopólio postal, a empresa de encomendas dos Correios, tem vários benefícios que outras empresas de transporte não têm, gerando concorrência desleal.
A ECT possui isenção tributária em todos os seus serviços oferecidos. Além de baratear seus custos, deixa de ser recolhido aos cofres públicos, mais de 500 milhões de reais por ano (o que na atual circunstância não faria diferença, pois só iria aumentar o déficit da empresa).
Os veículos em viagens interestaduais não precisam parar em barreiras fiscais ou de pesagem, o que aumenta a velocidade de transferência das mercadorias entre unidades. Quem trabalha com transportes sabe como é burocrático e lento o serviço prestado pelos agentes públicos que trabalham nesses locais. Eu mesmo já tive caminhões aguardando liberação por quase 3 dias, devido a demora no processo de conferência. No caso de greves desses fiscais, o tempo para liberação da carga passa a ser indeterminado.
6) Serviço de baixa qualidade
Apesar de gozar de diversos benefícios e do apoio do governo em seus prejuízos, a empresa presta um serviço muito ruim. Quem utiliza seus serviços diariamente sabe que os riscos são grandes de atrasar as entregas e o retorno de informações é lento e difícil de conseguir.
A ECT está sempre entre as firmas com maiores números de reclamações no site Reclame Aqui (veja ranking). Atualmente é a pior dos últimos 30 dias, e está entre as 10 dos últimos 12 meses. Não há sequer uma preocupação com o cliente, pois nenhuma reclamação é respondida.
7) Não há grande número de apaixonados pela estatal
Diferentemente dos casos de Petrobras e algumas outras empresas estatais, os Correios não geram uma comoção nacional e sentimento de patriotismo. Tirando os funcionários concursados (interessados em manter seus benefícios) e os políticos (interessados em manter os cargos comissionados na estatal), dificilmente você encontra pessoas que defendem a não privatização da empresa. O que pode facilitar no processo.
Acredito que para o brasileiro, a palavra privatização ainda assusta um pouco e é vista como se fosse uma coisa ruim. O crescimento das empresas de mineração, siderurgia e telecomunicações mostram que o estado deveria se preocupar muito mais com o básico que a população necessita e deixar de focar em locais onde não tem expertise necessária.
Qual a sua opinião sobre o assunto? Devemos privatizar os correios? Abrir o capital em bolsa? Ou deve manter como está hoje?
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