O apagão logístico em 2021
Confira as causas do apagão logístico mundial em 2021 em vídeo:
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Introdução
A pandemia desencadeou efeitos graves na economia, um grande apagão logístico e que vai demorar muito tempo para nos recuperarmos. Para contextualizar, eu vou explicar o efeito da pandemia de uma forma didática. Inicialmente, em março do ano passado, quando tudo parou, houve o que chamamos de choque de demanda. Se você não entende de economia, não se preocupe, vou explicar, os choques de demanda acontecem quando algum fato aparece e afeta a demanda, podendo ser positivo, aumentando a demanda, ou negativo, reduzindo a demanda.
O que aconteceu, no primeiro momento, foi que quando as empresas se fecharam, as pessoas foram para suas casas, não era recomendado sair, e por isso as compras foram reduzidas. E nesse caso estamos falando de compras tanto de pessoas quanto empresas. Apenas as compras de supermercado se mantiveram em patamares normais e em alguns locais até aumentaram.
Com o passar do tempo, e as empresas, principalmente as indústrias fechadas, sem produzir, isso foi reduzindo os níveis de estoques. Quando o mercado começou a se reabrir, não havia produtos disponíveis para serem vendidos, o que gerou um choque de oferta negativo.
Da mesma forma que o choque de demanda, o choque de oferta aparece quando algum fato aumenta ou reduz de uma hora para outra a oferta disponível. O choque de oferta negativo, leva a um aumento de preços no curto prazo, e o choque positivo reduz os preços.
A incerteza das pessoas e empresas com relação ao futuro, se poderiam continuar trabalhando normalmente, se teriam que fechar as empresas de novo, ou mesmo se continuariam vivas, fez com que os investimentos planejados se reduzissem bastante. Ninguém queria se arriscar e ter que fechar a empresa com um grande estoque de produtos para vender, ou mesmo de insumos para produzir.
E isso tem afetado a economia até os dias atuais. Como ainda estamos nesse momento de incerteza, as empresas ainda estão enxergando um futuro meio nebuloso pela frente. Por outro lado, por isso tudo tem subido de preço. Os governos no intuito de tentar manter os níveis de consumo da população, despejaram dinheiro no mercado, através dos auxílios, gerando um novo choque de demanda, só que dessa vez positivo. Enquanto a produção industrial global ainda está longe dos níveis pré pandemia, em alguns locais, o consumo já está maior do que antes, mais demanda e menos oferta, só gera uma pressão ainda maior nos preços.
Inflação e falta de produtos
Passada essa parte teórica, a gente vai pra prática. Quando conversamos com pessoas de qualquer setor, a situação parece ainda pior. É falta de tudo, é preço nas alturas, é fornecedor que não consegue entregar, é empresa que não consegue atender a demanda, mesmo reajustando os preços a demanda continua subindo, mas falta matéria prima para produzir. Isso está acontecendo no Brasil e no mundo.
Os custos de frete estão disparando no mundo. Chegou a um caso extremo para a empresa americana Home Depot, que contratou o seu próprio navio para trazer produtos da China, pois não havia disponibilidade nos fornecedores regulares de transportes. Eventos como o encalhamento do navio, que deixou o Canal de Suez parado por uma semana, só atrapalham ainda mais. Se você quiser saber mais sobre a importância desse canal para o mundo, eu vou deixar aqui na descrição um vídeo aqui do canal onde explicamos tudo sobre ele.
No Brasil, hoje tem montadora pedindo 6 meses para entregar um carro zero, e tem sido comum anunciarem pausas nas linhas de produção, com a desculpa de proteger os trabalhadores, mas o problema mais grave é a falta de insumos e peças para montar os carros. Outras indústrias, de outros segmentos, agora em julho, já estão com a programação de produção do restante do ano praticamente definida.
O que esse apagão logístico pode nos ensinar?
Com a evolução da globalização e até mesmo do estudo em logística, as empresas começaram a otimizar cada vez mais a sua produção. A aumento da velocidade de ressuprimento de matérias primas fez com que os estoques desses tipos de produtos fossem sendo reduzidos a níveis baixíssimos, pois qualquer coisa era só ligar e pedir para o fornecedor entregar.
Quando houve o choque, cada cadeia de suprimentos reagiu de um jeito, umas conseguem retomar mais rapidamente e outras demoram mais tempo. Com isso, o cenário atual é que as indústrias não conseguem todos os insumos para produzir seus produtos. Chega ao cúmulo de por exemplo, um produto que leva 3 insumos, a empresa ter estoque de dois, e ter que parar a produção por causa do terceiro. Ou mesmo depois de produzido, não ter embalagem para colocar.
O ensinamento principal, é que muito mais do que uma cadeia enxuta, as empresas precisam de uma cadeia resiliente. Ou seja, que esteja preparada para enfrentar as adversidades, pois elas vão existir sempre, em maior ou menor grau. Então é hora de avaliar a estrutura da sua cadeia, quais elos são mais fracos, e procurar reforçar esses elos. Seja ajudando os fornecedores atuais, encontrando novos fornecedores, ou mesmo aumentando o estoque de produtos que podem ser críticos.
Mas até quando isso vai?
Bom é difícil dizer o quanto durará esse apagão logístico, mas é certo que o mercado se regula com o tempo. Com o avanço das vacinações e melhoria dos indicadores da pandemia no mundo todo, os níveis de incerteza vão se reduzindo, e consequentemente vai aumentando o horizonte de planejamento. É provável que somente no primeiro semestre do próximo ano teremos uma oferta e demanda um pouco mais sincronizada. Está certo que isso vai variar de setor para setor, com alguns se estabilizando primeiro e outros demorando até mais tempo. Até lá, é importante um bom relacionamento com os fornecedores, e tentar programar a compra dos produtos que a sua empresa precisa, com antecedência, para não correr o risco de faltar.
E então pessoal, a empresa de vocês vem enfrentando dificuldades para atender a demanda atual? Me conta aqui nos comentários como está o seu setor.